Wednesday, February 23, 2011

Ronald (da Gaita) Silva (1940-2008)

Ronald Silva (Curitiba, 27 de março de 1940 — Curitiba, 5 de junho de 2008)

(English version will soon be available, for now, just wacth the video below with Ronald Silva, Brazil's best harmonica player!!)

Este post é uma homenagem ao grande harmonicista Curitibano Ronald Silva, o Ronald da Gaita.
Ele foi um dos fundadores da Orquestra Harmônicas de Curitiba, orquestra pioneira na promoção do instrumento, tendo posteriormente se empenhado na divulgação de um novo grupo, a Troupe da Gaita. Começou a tocar gaita muito cedo, sozinho, escutando a discos de um artista proeminente na época, o famoso Edu da Gaita.
Meu contato com o Ronald aconteceu em no ano 2000 e desde o primeiro momento ficamos muito amigos. Através dele conheci o Concerto para Harmonica de Radamés Gnatalli, uma das grandes obras escritas para o instrumento. Foi uma história bem curiosa:A partitura simplesmente não existia, estava desaparecida, e por insistência e perseverança do Ronald, foi reconstituída a partir de uma gravação e um esboço para piano. O trabalho foi realizado pelo maestro Lutero Rodrigues, então regente da Orquestra de Câmara de Curitiba.
Posteriormente, acabei realizando mais uma revisão na Partitura, procurando melhorar ainda mais a reconstituição.
Esse trabalho me aproximou muito do Ronald e aí eu pude perceber toda a dimensão de sua genialidade.Ele foi consultor da Fábrica de Gaitas Hering, em Blumenau, e além do trabalho de controle de qualidade e desenvolvimento de instrumentos, usava os recursos da fábrica para experimentar e construir seus próprios instrumentos. Me lembro dele dizer:
- O Radamés (Gnatalli) e o Edu (harmonicista para quem o concerto foi escrito) não tinham acesso a um instrumento poderoso e versátil como esse. Certamente se eles tivessem, usariam esse ou aquele recurso, o que engrandeceria a obra de forma espetacular.(...)
E ele usava e abusava do instrumento, ao ponto de tocar como ninguém tinha visto até então.

O Ronald foi o primeiro grande músico com o qual eu trabalhei. Completamente autodidata, ele sabia instintivamente e naturalmente tudo o que a maioria demorava anos para entender nos conservatórios.
Muitas vezes escutei ele tocar passagens com um domínio técnico, beleza, sensibilidade e bom gosto espetaculares, frases musicais que me deixavam de queixo caído.
- Como é que você tocou desse jeito, Ronald, onde aprendeu isso?
- Não sei... somente sinto e acho que fica bonito assim. - respondia ele.

Ele tinha uma fascinação pelo canto dos pássaros. Hoje acredito que seu nível de observação e sintonia era tal, que ele vibrava na freqüência do canto das aves, reproduzinto essa vibração através de seu refinado toque no instrumento.

Infelizmente, meu amigo nos deixou no dia 05 de junho de 2008, vítima de complicações decorrentes de uma cirurgia pulmonar. Eu sequer sabia que ele estava doente, e me encontrava em viagem de trabalho quando soube de seu falecimento.Fiquei muito triste de não ter conseguido nem vê-lo no hospital e nem prestar minhas condolências à família.
Existem pessoas das quais a saudade dói.
O Ronald  faz muita falta.

Quero, então prestar essa homenagem através de um trabalho que fizemos juntos. Em meu (super) início de carreira como regente, 05 de maio de 2000 dirigi o Ronald no concerto de Radamés Gnatalli. 
Infelizmente não foi filmado, porém temos o registro sonoro. Peço desculpas antecipadas pela qualidade, a orquestra também recém iniciava seus trabalhos. Felizmente temos esse registro da extrema musicalidade do Ronald, ilustrada por uma série de fotos, algumas retiradas da internet, outras de meu acervo pessoal.

Te amo muito, meu amigo, obrigado por ter passado pela minha vida,e  espero que nos reencontremos um dia para tocarmos novamente esse e muitos outros concertos.

Radamés Gnatalli - Concerto para Harmonia e Orquestra - III Mov.

Orquestra do Teatro Carlos Gomes de Blumenau
Ronald (da Gaita) Silva, Harmonica
Daniel Bortholossi, Reg.

Uma pequena observação - Essa é uma orquestra sinfônica de 50 músicos, e a Harmonica é um instrumento que cabe na palma da mão.-



Daniel Bortholossi, 22 de fevereiro de 2011 




Thursday, February 17, 2011

Novo DVD (New DVD) - Orquestra de Câmara de Blumenau




Saiu o último DVD da Orquestra de Câmara de Blumenau, com repertório de música Italiana e Brasileira (Clique na Imagem para detalhes).
A gravação foi realizada ao vivo e os compositores escolhidos foram Albinoni, Respighi, Carlos Gomes e Edino Krieger
Essa gravação foi feita no dia mais quente do ano, no Teatro Carlos Gomes, em Blumenau, então vocês podem imaginar o forno!. :-)
Abaixo um trecho da III Suite de Árias e Danças Antigas de Ottorino Respighi.

The latested DVD from the Blumenau Chamber Orchestra was released with Brazillian and Italian Music.(Click the Image for Details).
It was a live recording, and the composers performed was Albinoni, Respighi, Carlos Gomes and Edino Krieger.
The concert was recorded on the hottest day of the year, in the Carlos Gomes Theather, in Blumenau, so you may imagine the temperature! :-)
Below, a fragment of the III Suite of Ancient Dances and Arias, by Ottorino Repighi.



Wednesday, February 16, 2011

Série Compositores (Composers) - Ralph Vaughan Williams



Inicio hoje uma série que terá permanente renovação aqui no Site, dedicada a compositores, intérpretes ou artistas em geral. Eu sempre estarei colocando algumas informações, links e/ou vídeos que permitam um contato mais estreito com o artista.

Também vou estar publicando alguns posts em inglês ou com tradução para o inglês para possibilitar um acesso maior por parte dos interessados.


O primeiro compositor que eu gostaria de chamar à atenção é Ralph Vaughan Williams. (1872 - 1958).

Músico e compositor inglês nascido em Cotswold, Down Ampney, Gloucestershire, compositor de sinfonias, música de câmara, opera, música coral e trilhas para filmes. Filho do Rev. Arthur Vaughan Williams e de Margaret Susan Wedgwood , foi educado na Charterhouse School, e formou-se no Trinity College, Cambridge. Depois estudou no Royal College of Music com o professor Charles Villiers Stanford e ampliou seus estudos de composição em Berlim, com Max Bruch (1838-1920).

A composição de Vaughan Williams desenvolveu-se lentamente e não foi antes dos 30 anos que a canção "Linden Lea" se tornou a sua primeira publicação. Misturou composição com realização, palestras e edição de música, nomeadamente a de Henry Purcell e do Hinário Inglês.

Em 1904, Vaughan Williams descobriu canções folclóricas inglesas, que foram rapidamente extintas devido à tradição oral através da qual elas existiram sendo prejudicadas pelo aumento da alfabetização e de partituras em áreas rurais. Viajou para o interior, transcrevendo e preservando muitas mesmo. Mais tarde, incorporou algumas canções e melodias nas suas próprias músicas, sendo fascinado pela beleza da música e da sua história anónima na vida profissional das pessoas comuns. Os seus esforços contribuiram muito para aumentar a valorização da melodia e da música popular tradicional inglesas. Mais tarde, actuou como presidente do English Folk Dance and Society Song (EFDSS), que, em reconhecimento do seu trabalho inicial e importância neste campo.

Professor de composição no Royal College de Londres após servir como artilheiro na primeira guerra mundial, compôs uma obra extensa, que incluindo nove sinfonias, concertos para piano, inúmeras composições orquestrais e corais e várias coleções de canções, assim como óperas e peças cênicas, como Hugh the Drover (1924) e The Pilgrim's Progress (1951), todas notáveis por sua intensidade dramática.

Vaughan Williams é uma figura central na música britânica por causa de sua longa carreira como professor, conferencista e amigo de muitos jovens compositores e maestros.




Ralph Vaughan Williams. (1872 - 1958).


Vaughan Williams was born in 1872 in the Cotswold village of Down Ampney. He was educated at Charterhouse School, then Trinity College, Cambridge. Later he was a pupil of Stanford and Parry at the Royal College of Music after which he studied with Max Bruch in Berlin and Maurice Ravel in Paris.

At the turn of the century he was among the very first to travel into the countryside to collect folk-songs and carols from singers, notating them for future generations to enjoy. As musical editor of The English Hymnal he composed several hymns that are now world-wide favourites (For all the Saints, Come down O love Divine). Later he also helped to edit The Oxford Book of Carols, with similar success.

Vaughan Williams volunteered to serve in the Field Ambulance Service in Flanders for the 1914–1918 war, during which he was deeply affected by the carnage and the loss of close friends such as the composer George Butterworth.


Before the war he had met and then sustained a long and deep friendship with the composer Gustav Holst. For many years Vaughan Williams conducted and led the Leith Hill Music Festival, conducting Bach’s St Matthew Passion on a regular basis. He also became professor of composition at the Royal College of Music in London.

In his lifetime, Vaughan Williams eschewed all honours with the exception of the Order of Merit which was conferred upon him in 1938. He died in August 1958, his ashes are interred in Westminster Abbey, near Purcell.


In a long and productive life, music flowed from his creative pen in profusion. Hardly a musical genre was untouched or failed to be enriched by his work, which included nine symphonies, five operas, film music, ballet and stage music, several song cycles, church music and works for chorus and orchestra



Source - http://www.rvwsociety.com/



Gostaria também de compartilhar com vocês uma gravação, sob minha regência da Segunda Sinfonia de Vaughan Williams, "London Symphony" registrada ao Vivo, na Romsey Abbey, Hampshire, UK, em Maio de 2010. A orquestra é a "City of Southampton Orchestra"


I'd like to share with you a live recording, under my conducting of Vaughan Williams's 2nd Symphony - "London Symphony" recorded Live at the Romsey Abbey, Hampshire, UK, May 2010. The orchestra is the "City of Southampton Orchestra"



Tuesday, February 15, 2011

Orquestras e Sustentabilidade


Orquestras e Sustentabilidade

Por
Daniel Bortholossi, Músico, Mestre em Artes pela USP
Simone Fortes, Turismóloga, Especialista em Planejamento Turístico 
e Mestre em Desenvolvimento Regional, pela FURB

            Amplamente assimilado pela linguagem coloquial, o termo “sustentabilidade” é empregado, boa parte das vezes, com o sentido de “capacidade de auto sustentar-se”, ou seja, de garantir sua própria manutenção. Esta errônea interpretação é predominante no mundo dos negócios, onde um empreendimento sustentável é aquele que consegue garantir sua sobrevivência a partir dos produtos que gera, sem depender de ajuda externa.
            Muito além do elemento econômico, esta palavra possui um amplo e profundo significado. Está relacionada à vida no planeta e ao futuro de todos os seres que nele habitam. Segundo o criador do conceito, Lester Brown, uma sociedade sustentável, é aquela que é capaz de satisfazer suas necessidades, sem comprometer as chances de sobrevivência das gerações futuras.
            Tal proposição é dotada de grande complexidade, uma vez que a organização das sociedades envolve perspectivas políticas, culturais, históricas, ambientais e outras, sendo a econômica apenas mais uma delas. Todas têm inquestionável importância quando se trata do intuito ambicioso de alcançar a “sustentabilidade”, em seu sentido conceitual.
            No âmbito cultural, o mau uso do termo em questão, tem gerado mazelas consideráveis ao somar-se à “indústria do entretenimento”, que valoriza as rápidas edições visuais e eletrônicas, em detrimento da paciência artesanal ou erudita, visando sempre a obtenção de lucro econômico. Como musas deste quadro desolador, padecem as orquestras, enormemente pressionadas a gerar divisas para garantir sua própria sobrevivência.
No universo das belas artes, são entes sensíveis e caprichosos, uma vez que exigem a expressão artística e a sintonia de raros e especializados profissionais, às vezes mais de cem, dependendo do seu tamanho. Trazem em seu bojo a responsabilidade de salvaguardar obras-primas da expressão humana. Proporcionam a “degustação” do passado, traduzem o presente e sensibilizam para o futuro através de infinitas combinações de sons.
Porém, seus custos financeiros são elevados e os “produtos” que gera, não visam lucro, visam despertar emoções e não geram lucro, geram uma sociedade melhor.
As orquestras constituem um patrimônio social cujo valor não se pode mensurar de forma quantitativa. Seu retorno se dá ao colaborar para a formação de pessoas mais inteligentes, sensíveis e pacíficas, contribuindo sim para com a sustentabilidade da sociedade em que está inserida.

Primeiro Post - 15 de Fevereiro

Caríssimos,

Hoje, 15 de fevereiro de 2011, estou iniciando as atividades deste Blog, que terá o objetivo de  publicar e discutir fatos relacionados à boa música, cultura e qualidade de vida, elementos tão em discussão e falta em nossa sociedade.
O espaço será totalmente aberto, e embora eu seja "novato" em blogs, prometo estar atualizando e comentando o máximo possível.

Por favor, sintam-se livres para comentar, discutir e adicionar qualquer idéia aos textos aqui publicados, isso somente engrandecerá a discussão e proporcionará maior difusão do conhecimento.

Um abraço a todos,

DB