Orquestras e Sustentabilidade
Por
Daniel Bortholossi, Músico, Mestre em Artes pela USP
Simone Fortes, Turismóloga, Especialista em Planejamento Turístico
e Mestre em Desenvolvimento Regional, pela FURB
Amplamente assimilado pela linguagem coloquial, o termo “sustentabilidade” é empregado, boa parte das vezes, com o sentido de “capacidade de auto sustentar-se”, ou seja, de garantir sua própria manutenção. Esta errônea interpretação é predominante no mundo dos negócios, onde um empreendimento sustentável é aquele que consegue garantir sua sobrevivência a partir dos produtos que gera, sem depender de ajuda externa.
Muito além do elemento econômico, esta palavra possui um amplo e profundo significado. Está relacionada à vida no planeta e ao futuro de todos os seres que nele habitam. Segundo o criador do conceito, Lester Brown, uma sociedade sustentável, é aquela que é capaz de satisfazer suas necessidades, sem comprometer as chances de sobrevivência das gerações futuras.
Tal proposição é dotada de grande complexidade, uma vez que a organização das sociedades envolve perspectivas políticas, culturais, históricas, ambientais e outras, sendo a econômica apenas mais uma delas. Todas têm inquestionável importância quando se trata do intuito ambicioso de alcançar a “sustentabilidade”, em seu sentido conceitual.
No âmbito cultural, o mau uso do termo em questão, tem gerado mazelas consideráveis ao somar-se à “indústria do entretenimento”, que valoriza as rápidas edições visuais e eletrônicas, em detrimento da paciência artesanal ou erudita, visando sempre a obtenção de lucro econômico. Como musas deste quadro desolador, padecem as orquestras, enormemente pressionadas a gerar divisas para garantir sua própria sobrevivência.
No universo das belas artes, são entes sensíveis e caprichosos, uma vez que exigem a expressão artística e a sintonia de raros e especializados profissionais, às vezes mais de cem, dependendo do seu tamanho. Trazem em seu bojo a responsabilidade de salvaguardar obras-primas da expressão humana. Proporcionam a “degustação” do passado, traduzem o presente e sensibilizam para o futuro através de infinitas combinações de sons.
Porém, seus custos financeiros são elevados e os “produtos” que gera, não visam lucro, visam despertar emoções e não geram lucro, geram uma sociedade melhor.
As orquestras constituem um patrimônio social cujo valor não se pode mensurar de forma quantitativa. Seu retorno se dá ao colaborar para a formação de pessoas mais inteligentes, sensíveis e pacíficas, contribuindo sim para com a sustentabilidade da sociedade em que está inserida.
Daniel e Simone,
ReplyDeleteAdmiro o trabalho que vcs vêm realizando pela música erudita no Brasil e no mundo.
Que a realização dos seus projetos possam beneficiar toda a nossa sociedade com a harmonia de sua orquestra regida pela sensibilidade e equilíbrio da batuta do seu maestro.
Desejo a vcs muita Luz, Paz e Amor neste caminho de vida!